quinta-feira, outubro 30, 2008

Vocabulario Xucro

O sotaque mais xucro, grosso e assustador de todo o universo conhecido
(e do desconhecido também) é o nosso, oriundo do gaúcho bravio,
meio italianado.
Esse dicionário é quase perfeito, especialmente
para quem não é 'nativo' deste chão!!!

Alemoa: loura
Apinchá: jogar, atirar
Atorá: cortar
Avil: isqueiro
Baita: grande
Bostiá: incomodar
Briquiá: trocar, de mano ou não
Cagar a pau: bater
Camassada de pau: apanhar
Campiá: procurar
Catrefa: pessoas que não valem nada
Chumaço: conjunto de alguma coisa
Cóça de laço: apanhar (tomar cóça de laço)
Crêendios pai: exclamação quando algo dá errado
De revesgueio: de um tal jeito
De vereda: rápido
Deusolivre home: o mesmo que 'pare, home do céu'
Fincá: cravar
Fuque: fusca
Garrão: calcanhar
Incebando: enrolando, fazendo cera
Ingrupi: enganar
Ínôzá: amarrar (já viu palavra com todas as sílabas com acento?)
Intertê: fazer passar o tempo com algo
Inticá: provocar
Intuiado: cheio
Invaretado: nervoso
Japona: jaqueta de lã ou de algodão
Jóssa: coisa
Judiá: mal tratar
Kakedo: pessoas que não valem nada
Lasarento: xingamento, como filho da p...
Paiêro: cigarro de palha
Pânca: modo de se portar, por exemplo: panca de rico (jeito de rico)
Pare, home do céu: parar, o mesmo que 'se par de bobo' e 'deusolivre home'.
Pescociá: olhar para os lados, matar tempo
Pestiado: com alguma doença
Pexada: acidente
Piá pançudo: guri bobo
Podá: ultrapassar, ou cortar, o mesmo que apodá
Pozá: dormir em algum lugar
Pruziá: conversar
Rancho: compra do mês
Relampejando: trovejando
Resbalão: escorregar
Rinso: sabão em pó
Sinalêra: semáforo
'Se par de bobo: o mesmo que 'deusolivre home'
Táio: corte, ferimento
Tchuco: bêbado
Trupicá: tropeçar
Tunda de laço: apanhar (tomar uma tunda de laço)
Vortiada: passeio
Ximia: doce cremoso de passar no pão

Exemplo de aplicação:
Agora manda esse texto para intertê os teus amigos, aproveita enquanto teu chefe foi dá uma vortiada... Não sei como ele não vê que mesmo intuiado de serviço você fica incebando o dia inteiro... Pare de campiá desculpa, fica falando que tá pestiado e ainda consegue ingrupi o coitado do chefe... Mas vai logo, antes que ele volte e fique invaretado de te ver pescociando... Pare de se bostiá, home do céu, não seja malinducado e manda essa jóssa de uma vez...

quinta-feira, outubro 23, 2008

Históricos da Revolução


Panteão do Decêncio Heróico


Ao longo dos 10 anos, inúmeros nomes salientaram-se em ambos os lados, aureolando com a glória os heróis. Dentre eles, Bento Gonçalves da Silva protagonizou episódios onde a nobreza, a coragem e o desprendimento estiveram sempre em primeiro plano. Davi Canabarro (Davi José Martins), Antonio de Souza Neto (o proclamador da República Rio-grandense), João Antonio da Silveira, João Manoel de Lima e Silva (o primeiro e mais jovem general dos farrapos) e Bento Manoel Ribeiro formaram, junto a Bento Gonçalves, o sexteto dos generais farroupilhas.Luiz Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias, foi o militar brilhante e diplomata emérito ao lado do Império. A ele se deve a pacificação do Rio Grande do Sul. O tratado de paz, assinado pelos farrapos em Ponche Verde a 28 de fevereiro de 1845 e, pelos imperiais, às margens de Santa Maria no dia seguinte (1º de março), pôs fim a 10 anos de luta cruenta entre irmãos.
FAGUNDES, Antônio Augusto. Cartilha da história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, MartinsLivreiro, 1986, p. 80-83.

A Gerra dos Farrapos


A Guerra dos Farrapos


A facção republicana dos farroupilhas, que não era majoritária, impôs-se às demais diante do fato consumado. Bento Gonçalves da Silva nem teve tempo de discutir o assunto da Proclamação da República porque, dirigindo-se ao encontro de Souza Neto, foi derrotado em pleno Jacuí, na ilha do Fanfa, e aprisionado junto com vários companheiros, sendo remetido para a fortaleza de Santa Cruz, Rio de Janeiro. A vocação brasileira dos republicanos rio-grandenses fica bem evidenciada pela expedição à Santa Catarina, onde proclamaram a República Juliana, e pela recusa sistemática de receber recursos humanos dos países platinos para combater o Império do Brasil.Ao longo das vicissitudes da guerra, muitas vezes carregando a Capital da República, o Tesouro Nacional e até a Imprensa Oficial no lombo, os farrapos organizaram o Exército (Cavalaria, Infantaria e Artilharia), a Marinha de Guerra e a Polícia. Montaram um sistema fiscal adequado, sem que se verificassem requisições escandalosas ou esbrulhos. Construíram escolas públicas, cidades, estradas e pontes e, mais do que isso, a economia do Estado, centrada no charque e na exportação do gado em pé, não sofreu maiores abalos. Certamente, graças a estes méritos que não houve lesões profundas com o Brasil, nem ódios acirrados, os rio-grandenses terminaram por conseguir, através do Barão de Caxias, uma paz altamente honrosa, verdadeira vitória, celebrada em igualdade de condições de potência a potência. Os encontros armados entre as duas nações em luta foram numerosos ao longo dos nove anos. Basta, para o presente estudo, dizer que foram escaramuçadas, combates, cercos e batalhas (quando entram em ação a Cavalaria, Infantaria e Artilharia) em terra. No mar, na Lagoa dos Patos e nos rios houve inúmeros combates navais, onde brilhou, em ação, a Marinha Republicana.

terça-feira, outubro 14, 2008

O Causo das Escrituras Sagradas

Este texto anônimo foi encontrado escrito a ponta de faca no balcão de um bolicho, hoje Tapera-RS, no Passo do Elesbão, 'Quinto Distrito de Cacequi':
O causo das escrituras
Pois não sei se já les contei o causo das Escrituras Sagradas. Se não les contei, les conto agora. A história essa é meio comprida, mas vale a pena contá por causa dos revertério. De Adão e Eva acho que não é perciso contá os causo, porque todo mundo sabe que os dois foram corrido do Paraíso por tomá banho pelado numa sanga. Naqueles tempo, esse mundaréu todo era um pasto só sem dono, onde não tinha nem dele nem meu. O primeiro índio a botá cerca de arame foi um tal de Abel. Mas nem chegou a estendê o primeiro fio porque levou um pontaço no peito do irmão dele, um tal de Caim, que tava meio desconforme com a divisão. O Caim, entonces, ameaçado de processo feio, se bandeou pro Uruguay. Deixou o filho dele, um tal de Noé, tomando conta da estância. A estância essa ficava nas barranca de uma corredera e o Noé, uns ano despois, pegou uma enchente muito feia pela frente. Cosa munto séria. Caiu água uma barbaridade. Caiu tanta água que tinha até índio pescando jundiá em cima de cerro.
O Noé entonces botou as criação em cima de uma balsa e se largou nas correnteza, o índio velho. A enchente era tão braba que quando o Noé se deu conta abalsa tava atolado num banhado chamado Dilúvio. Foi aí que um tal de Moisés varou aquela água toda com vinte junta de boi e tirou a balsa do atoleiro. Bueno, aí com aquele desporpósito, as família ficaram amiga. A filha mais velha do Noé se casou-se com o filho mais novo do Moisés e os dois foram morá numa estância muito linda, chamada estância da Babilônica. Bueno, tavam as família ali, tomando mate no galpão, quando se chegou um correntino chamado Golias, com mais uns trinta castelhano do lado dele. Abriram a cordeona e quiseram obrigá as prenda a dança uma milonga. Foi quando os velho, que eram de muito respeito, se queimaram e deu-se o entrevero. Peleia braba, seu. O correntino Golias, na voz de vamos, já se foi e degolou de um talho só o Noé e o velho Moisés. E já tava largando planchaço em cima do mulherio quando um piazito carretero, de seus dez ano e pico, chamado Davi, largou um bodocaço no meio da testa do infeliz que não teve nem graça. Foi me acudam e tou morto. Aí a indiada toda se animou e degolaram os castelhano. Dois que tinham desrespeitado as prenda foram degolado com o lado cego do facão. Foi uma sanguera danada. Tanto que até hoje aquele capão é chamado de Mar Vermelho. Mas entonces foi nomeado delegado um ta l de major Salomão. Homem de cabelo nas venta, o major Salomão. Nem les conto! Um dia o índio tava sesteando quando duas velha se bateram em cima dum guri de seus seis ano que tava vendendo pastel. O major Salomão, muito chegado ao piazito, passou a mão no facão e de um taio só cortou as velha em dois. Esse é o muito falado causo do Perjuízo de Salomão que contam por aí. Mas, por essas estimativas, o major Salomão, o que tinha de brabo tinha de mulherengo.
Eta índio bueno, seu. Onde boleava a perna, já deixava filho feito. E como vivia boleando a perna, teve filho que Deus nos livre. E tudo com a cara dele, que era pra não havê discordância. Só que quando Deus nosso Senhor quer, até égua véia nega estribo. Logo a filha das predileção do major Salomão, a tal de Maria Madalena, fugiu da estância e foi sê china de bolicho. Uma vergonhera pra família. Mas ela puxou a mãe, que era uma paraguaia meio gaudéria que nunca tomo jeito na vida. O pobre do major Salomão se matou-se de sentimento, com uma pistola Eclesiaste de dois cano. Mas, vejam como é a vida. Pois essa mesma Maria Madalena se casou-se três ano despois com um tal de coronel Ponciano Pilatos. Foi ele que tirou ela da vida. Eu conheço uns três caso do mesmo feitio e nem um deles deu certo. Como dizia muito bem o finado meu pai, mulher quando toma mate em muita bomba, nunca mais se acostuma com uma só. Mas nesses contraproducente, até que houve uma contrapartida. O coronel Ponciano Pilatos e a Maria Madalena tiveram doze filho, os tal de aposto, que são muito conhecido pelas caridade que fizeram. Foi até na casa deles que Jesus Cristo churrasqueou com a cunhada de Maria Madalena, que despois foi santa muito afamada. A tal de Santa Ceia. Pois era uns tempo muito mal definido. Andava uma seca braba pelos campo. São José e a Virge Maria tinham perdido todo o gado e só tavam com uma mula branca no p otrero, chamada Samaritana. Um rico animal, criado em casa, que só faltava falá. Pois tiveram que se desfazê do pobre. E como as desgraça quando vem, já vem de braço dado, foi bem aí que estouraram as revolução. Os maragato, chefiado por uma tal de coronel Jordão, acamparam na entrada da Vila. Só não entraram porque tava lá um destacamento comandado pelo tenente Lazo, aquele mesmo que por duas vez foi dado por morto. Mas aí um cabo dos provisório, um tal de cabo Judas, se passou-se pros maragato e já se veio uns tal de Romano, que tavam numas várzeas, e ocuparam a Vila.
Nosso Senhor foi preso pra ser degolado por um preto muito forte e muito feio chamado Calvário. Pois vejam como é a vida. Esse mesmo preto Calvário, degolador muito mal afamado, era filho da velha Palestina, que tinha sido cozinheira da Virge Maria. Degolador é como cobra, desde pequeno já nasce ingrato. Mas entonces botaram Nosso Senhor na cadeia, junto com dois abigeatário, um tal de João Batista e o primo dele, Heródio dos Reis. Os dois tinham peleado por causo de uma baiana chamada Salomé e no entrevero balearam dois padre, monsenhor Caifás e o cônego Atanásio. Mas aí veio uma força da Brigada, comandada pelo coronel Jesus Além, que era meio parente do homem por parte de mãe e com ele veio mais três corpo de provisório e se pegaram com os maragatos. Foi a peleia mais feia que se tem conhecimento. Foi quarenta dia e quarenta noite de bala e bala. Morreu três santo na luta: São Lucas, São João e São Marco. São Mateus ficou três mês morre não morre, mas teve umas atenuante a favor e salvou-se o índio. Nosso Senhor pegou três balaço, um em cada mão e um que varou os pé de lado a lado. Ainda levou mais um pontaço do mais velho dos Romanos, o César Romano, na altura das costela. Ferimento muito feio que Nosso Senhor curou tomando vinagre na sexta-feira da paixão. Mas aí, Nosso Senhor se desiludiu-se dos home, subiu na Cruz, disse adeus pros amigo e se mandou-se de volta pro céu. Mas deixou os dez mandamentos, que são cinco e que se pode muito bem acolherá em dois: Não se mata home pelas costa, Nem se cobiça mulher dos outro pela frente.' Um abraço do tamanho do Rio Grande!!!

segunda-feira, outubro 13, 2008

Festivais e Eventos

"Monólogo a Pé" vence a Sesmaria da Poesia Gaúcha

O poema "Monólogo a Pé", de Guilherme Collares é o grande vencedor da 13ª Quadra da Sesmaria da Poesia Gaúcha realizada no dia 27 de setembro, na Câmara de Vereadores da cidade de Osório. A interpretação deste poema dá ao declamador Wilson Araújo o primeiro lugar entre os intérpretes do festival. Entre os amadrinhadores o primeiro lugar é do elenco de músicos formado por Carlitos Magallanes no Bandóneon, Diogo Matos no teclado e Luciano Salerno no serrote, que acompanha os declamadores Pedro Junior da Fontoura e Priscila Campeol na defesa do poema "Aquelas Luzes que Perdi no Dia".A Sesmaria da Poesia Gaúcha nesta 13ª edição presta homenagem ao poeta e compositor Jaime Brum Carlos.
Resultado completo:
POESIA:1º Lugar: Monólogo a Pé (Guilherme Collares) Intérprete: Wilson Araújo - Amadrinhador: Guilherme Collares2º Lugar: O Velho (Vaine Darde) Intérprete: Valdemar Camargo - Amadrinhador: Valdir Verona3º Lugar: Aquelas Luzes que Perdi no Dia (José Luiz Flores Moró) Intérpretes: Pedro Junior da Fontoura e Priscila CampeolAmadrinhadores: Carlitos Magallanes, Diogo Matos e Luciano Salerno
INTÉRPRETE:1º Lugar: Wilson AraújoPoesia: Monólogo a Pé - Autor: Guilherme Collares2º Lugar: Silvana Andrade Poesia: Romaria das Madres do Campo - Autor: Andréia Sá Brito3º Lugar: Valdemar Camargo Poesia: O Velho - Autor: Vaine Darde
AMADRINHADOR: 1º Lugar: Carlitos Magallanes, Diogo Matos, Luciano SalernoPoesia: Aquelas Luzes que Perdi no Dia ( José Luiz flores Moró)2º Lugar: Guilherme CollaresPoesia: Do Gaúcho a Dom Vicente (Marcio Madalena)3º Lugar: Valdir VeronaPoesia: O Velho (Vaine Darde)
Melhor Tema Sesmaria: Sesmaria D'Água e Sal (José Hoffman/Sebastião Corrêa)
Festivais
13ª Sesmaria da Poesia Gaúcha de Osório - 27 de setembro de 2008.
5º Aldeia da Música do Mercosul de Gravataí - 24, 25 e 26 de outubro de 2008.
3º Baqueria de Los Piñales de Vacaria - 30 e 31 de outubro a 1º de novembro de 2008.
23º Ponche Verde da Canção de Dom Pedrito e 7ª Mostra do Canto Campeiro - 07, 08 e 09 de novembro de 2008.
Encontro de Bandoneon de Passo Fundo – 15 de novembro de 2008.

5º Gruta em Canto de Nova Esperança do Sul - 28, 29 e 30 de novembro de 2008
23º Musicanto Sul-americano de Nativismo – 03 a 06 de dezembro de 2008.
10º Um Canto Para Martin Fierro de Santana do Livramento – 19, 20 e 21 de dezembro de 2008.
Encontro de Pajadores de Porto Alegre – 30 de janeiro de 2009.
O Rio Grande Canta Zé Mendes de Esmeralda, 13 a 15 de fevereiro de 2009

quarta-feira, outubro 08, 2008

A Revolução

O movimento político-militar vai de 19 de setembro de 1835 a 11 de setembro de 1836. Era a revolta de uma província contra o Império da qual fazia parte. A 11 de setembro, proclamava-se a República Rio-Grandense e já não se pode falar em revolução, mas guerra, a luta aberta entre duas potências políticas independentes e soberanas: uma república de um lado e um Império de outro. A Revolução Farroupilha irrompeu a 19 de setembro de 1835, quando os liberais, depois de inúmeras conspirações, sobretudo dentro das lojas maçônicas, partiram para a deposição do presidente Antônio Fernandes Braga, sustentando que este violava a lei e deveria ser substituído. Os farroupilhas Gomes Jardim e Onofre Pires desbarataram a Guarda Municipal (núcleo inicial da futura Brigada Militar do Estado), vindos do morro da Glória, e Fernandes Braga foge para o porto de Rio Grande, abandonando Porto Alegre. A 20 de setembro, Bento Gonçalves da Silva, vindo de Pedras Brancas (Guaíba) entra, triunfante, na Capital e, na ausência dos três primeiros vice-presidentes, empossa no governo o 4º presidente, Dr. Marciano Pereira Ribeiro, nomeando como Comandante das Armas o Cel. Bento Manoel Ribeiro, homem de personalidade difícil e caprichosa e sem convicção liberal, seguidor de seus próprios interesses, através dos quais se uniram os farroupilhas, no início do movimento.É ainda Bento Gonçalves que consegue, com o Rio de Janeiro, a nomeação do novo presidente, o deputado José Araújo Ribeiro, que assustado com a efervescência de Porto Alegre, resolveu, ao chegar do Rio de Janeiro, empossar-se em Rio Grande. Foi o bastante para que os farroupilhas, mais exaltados, retirassem-lhe o precário apoio. Bento Ribeiro troca de lado, voltando a servir o Império e, para seu posto, é nomeado o Major João Manoel de Lima e Silva, enquanto o Dr. Mariano Pereira Ribeiro foi mantido pela Assembléia Providencial como Presidente.

Musica Gaucha

Música
CDs
Versão do conterrâneo
Mariscal de América - Francisco Solano Lopez de Cláudio Bustos.

O disco do cantor e compositor paraguaio é uma obra épica, poética e musical que conta a história de Solano Lopez na versão de seus compatriotas. O CD com 53 faixas possui letras e narração histórica de Daniel Larrea, e glosas e músicas de Fermim Fierro. A interpretação é de Cláudio Bustos. O obra conta a vida pessoal e política de Solano Lopez, faz uma releitura histórica da Guerra do Paraguai com a força expressiva da nacionalidade própria dos latino-americanos e a versão do vencido. Resgata fatos que a história oficial do vencedor oculta e denuncia o maior holocausto de nosso continente. Um encarte com 24 páginas complementa informações do disco com as letras e acrescenta charges, mapas e gravuras do conteúdo e fotos dos artistas participantes. Além do valor histórico da gravação, o trabalho é uma obra de arte de fino requinte. Produzido no Paraguai e fabricado na Argentina. Arte Compartido. artecompartido@hotmail.com Claudio Bustos. claudiobustos90@hotmail.com

III Acorde da Canção Nativa.

Em DVD e CD o registro em áudio e imagem do festival da cidade de Camaquã é uma obra importante para a memória musical do Estado. O CD conta com as 13 músicas, já o DVD possui várias seções, dentre elas, as músicas a título de show, bastidores, makig Off, premiação, danças e depoimentos. Produzidas pelo Studio Zeus, sob a direção de Mauro Marques, ambas as mídias são distribuídas pela Prefeitura Municipal de Camaquã.

Rincão da Alma de Marcelo Oliveira.

O novo disco do cantor reconhecido nos festivais apresenta 14 músicas de autoria própria e de outros jovens compositores a exemplo de Rodrigo Bauer, Fabiano Torres, Luciano Fagundes, Juliano Gomez, Aluisio Rockenbach, e outros. O disco, com forte expressão campeira e bom nível poético-musical, conta com participações especiais de Luiz Marenco, Leonel Gomes, Lisandro Amaral, Jucá de Leon, /Daniel Zanotelli, entre outros. Vertical

De Cavalgadas e Rodeios de J. Barbosa.

O novo disco do cantor, compositor e acordeonista é uma preciosidade da arte campeira com sotaque fronteiriço. Todas as obras possuem autoria de Barbosa, contudo há parcerias com Edilson Villagran Martins, Quide Grande, Getúlio Silva e Albeni Carmo, entre outros. Com boa variação de ritmos e estilo bem campeiro, o CD conta com participação de Villagran e Luca lima. Independente.

Sesmaria da Poesia Gaúcha - 12ª Quadra.

O CD do festival de Osório apresenta dez poemas com autoria de importantes poetas e interpretação de alguns dos mais conceituados declamadores. Carlos Omar Vilella Gomes, Colmar Duarte, Pedro Junior da Fontoura, Liliana Cardoso, Guilherme Collares, Francisco Azambuja, Vaine Darde, Luis Flores Moré são alguns dos nomes responsáveis pelo repertório. Independente.

El Vuelo de mi Voz de Gabriel Luceno.

O novo disco do jovem pajador uruguaio apresenta 12 faixas com canções, poemas, milongas e cifras. São obras próprias e de importantes autores rio-pratenses, a exemplo de Wilson Saliwonczyk, Clodomiro Peres e Tabaré de Paula. O disco bem elaborado, demonstra o cantautor e instrumentista que é Luceno. Independente. Email: luceno rodayap212@ hotmail.com

Catedrales del Viento de Ricardo Pino.

O disco do “el payador patagónico” apresenta dez faixas, constando canções, zambas, poemas, milongas e recitados. O disco encerra com um improviso gravado ao vivo em contraponto com o também payador argentino Saul Henchul. É um trabalho importante para a cultura crioula argentina. Independente. (0054) 0299-156306074 P

Payadoras Argentinas vol 03 de Marta Suint e Liliana Salvat.

O CD com duas importantes pajadoras, autoras e cantoras argentinas apresenta pajadas, poemas e canções que exploram temas diversos com ambas que interpretam com talento e a maestria. O disco também conta com participação de Manuel Ocaña. Email: gringamdp@hotmail.com
Entre Amigos de Horácio Otero.O novo disco de “el puestero payador” é uma importante obra da arte rio-pratense. Há milongas, zambas, poemas e pajadas de autoria própria e na sua interpretação. Os pajadores convidados pelo argentino são José Curbelo, Marta Suint, Juan de Oar e Juan Alberto Lalanne. O CD, com bela produção artística e visual, aborda temas campeiros e universais contemporâneos. FADA Produciones.

Tocando a Lida de Tiago Souza.

O disco do jovem intérprete apresenta doze música campeiras com boas letras que retratam a vida do homem rural e melodias autênticas e de bom gosto. Nomes de autores também jovens como o intérprete assinam algumas composições, mas também há autores conhecidos a exemplo de Severino Rudes Moreira, Anomar Danúbio Vieira e Roberto Luçardo, entre outros. A produção bem cuidada é feita por Maurício Lopes que também é autor de algumas obras. Vertical.

De Alma Serrana de Porca Véia.

O novo CD do acordeonista, cantor e compositor de Lagoa Vermelha, porém um dos maiores representantes da música serrana, pós Bertussi, apresenta 14 faixas com obras de bom gosto. O disco conta com músicas inéditas e algumas regravações importantes como Faz de Conta de Telmo de Lima Freitas e Baile da Encruzilhada de Adelar e Honeyde Bertussi, entre outras. Além do próprio cantor outros nomes conhecidos assinam as obras do disco, a exemplo de Crioulo Batista, Amaro Peres e Nico Fagundes. Fernando Montenegro faz participação especial em duetos de gaita e de voz com Porca Véia. Vertical.

Luna Entera de Balbina Ramos.

O disco da coplera argentina apresenta 12 faixas com coplas de sua autoria, outras recolhidas do folclore e também de autoria de Pablo Manguini e Martin Alemán Mónico. O disco é uma preciosidade desta cultura tão particular do norte da argentina. É a expressão genuina dos povos crioulos daquele país. Independente. 0054 02234830932

Pilcha Gaucha

MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO
DIRETRIZES PARA A PILCHA GAÚCHA

O Movimento Tradicionalista Gaúcho, reunido na 67ª Convenção Tradicionalista Gaúcha, realizada em 29 e 30 de julho de 2005, na cidade de Tramandaí, aprovou as presentes DIRETRIZES para a "Pilcha Gaúcha", conforme determina o parágrafo único do Art. 1º da Lei n° 8.813 de 10 de janeiro de 1889, com alterações introduzidas pela 69ª Convenção Tradicionalista Extraordinária, realizada no dia 20 de maio de 2006, na cidade de Bento Gonçalves.


I - DA PILCHA PARA ATIVIDADES ARTÍSTICAS E SOCIAIS
Indumentária a ser utilizada nas atividades cotidianas, apresentações artísticas e participações sociais, tais como bailes, congressos, representações, etc.

1. PILCHA MASCULINA
- BOMBACHAS:
Tecidos: brim (não jeans), sarja, linho, algodão, oxford, microfibra.
Cores: claras ou escuras, sóbrias ou neutras, tais como marrom, bege, cinza, azul-marinho, verde-escuro, branca, fugindo as cores agressivas, fosforescentes, fugindo das cores contrastantes e cítricas, como vermelho, amarelo, laranja, verde-limão, cor-de-rosa.
Padrão: liso, listradinho e xadrez discreto.
Modelo: cós largo sem alças, dois bolsos na lateral, com punho abotoado no tornozelo.
Favos: O uso de favos e enfeites de botões, depende da tradição regional. As bombachas podem ter, nos favos, letras, marcas e botões.
Obs.: roupas de época não podem ter marcas.
Largura: com ou sem favos, coincidindo a largura da perna com a largura da cintura, ou seja, uma pessoa que use sua bombachas no tamanho 40, automaticamente deverá ter, aproximadamente, uma largura de cada perna de 40 cm.
Obs.
- A largura das bombachas, na altura das pernas, deve ser tal que a caracterize como tal e não seja confundida com uma calça.
- As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas.
- É vedado o uso de bombachas plissadas e coloridas.
- CAMISA:
Tecido – preferencialmente algodão, tricoline, viscose, linho ou vigela, microfibra( não transparente), oxford.
Padrão – liso ou riscado discreto
Cores – sóbrias, claras ou neutras, preferencialmente branca. Evitando cores agressivas e contrastantes.
Gola – social (ou seja, abotoada na frente, em toda a extensão, com gola atual, com punho ajustado com um ou mais botões).
Mangas longas – para ocasiões sociais ou formais, como festividades, cerimônias, fandangos, concursos.
Mangas curtas – para atividades de serviço, de lazer e situações informais.
Camiseta de malha ou camisa de gola pólo – exclusivamente para situações informais e não representativas. Podem ser usadas com distintivo da Entidade, da Região Tradicionalista e do MTG.
Obs.: Vedado o uso de camisas de cetim e estampadas.
- BOTAS: De couro liso nas cores: preto, marrom (todos os tons) ou couro sem tingimento. É vedado o uso de botas brancas. As botas "garrão de potro" são utilizadas exclusivamente com traje de época.
A altura do cano varia de acordo com a região. Normalmente o cano vai até o joelho.
- COLETE: Se usar paletó poderá dispensar o colete.
Modelo tradicional (do mesmo tecido e cor das bombachas, podendo ser tom sobre tom), sem mangas e sem gola, abotoado na frente com a parte posterior (costas) de tecido leve, ajustado com fivela, de uma cor só, no comprimento até a altura da cintura.
- CINTO (GUAIACA): tendo de uma a três guaiacas, internas ou não, com uma ou duas fivelas frontais, ou de couro cru, com ou sem guaiacas, mas sempre com uma ou duas fivelas frontais, ambos deverão ter no mínimo 7cm de largura.
- CHAPÉU: de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais.
Obs. É vedado o uso de boinas e bonés.
- PALETÓ: usado especialmente para ocasiões formais, podendo ser do mesmo tecido das bombachas, na mesma cor ou "tom sobre tom"
Obs: é vedado o uso de túnicas militares substituindo o paletó.
- LENÇO: no caso do uso com algum tipo de nó, com a medida de 25 cm a partir deste. Com o uso do passador de lenço, com a medida de 30 cm a partir deste. Nas cores vermelho, branco, azul, verde, amarelo, ou carijó nas cores supra citadas. É possível, ainda, carijós em marrom ou cinza.
- FAIXA: Opcional, se usada deverá ser lisa, na cor vermelha, preta de lã ou bege cru (algodão), de 10 a 12 cm de largura.
- ESPORAS: trata-se de peça utilizada nas lides campeiras. Nas representações coreográficas de danças tradicionais é admissível o seu uso.
Obs: é vedado o uso de esporas em bailes e fandangos
- PALA: De uso opcional. Se usado deverá ser no tamanho padrão, com abertura na gola. Poderá ser usado no ombro, meia-espalda, atado da direita para a esquerda. Poderá ser usado em todos os trajes.
- FACA: O uso da faca é opcional nas apresentações artísticas e vedado nas demais atividades sociais.


2. PILCHA FEMININA

- SAIA E BLUSA OU BATA: Nas apresentações artísticas, o traje feminino deve representar a mesma classe social do homem.
Saia com a barra no peito do pé, godê, meio-godê ou em panos.
Blusa ou bata de mangas longas, três quartos ou até o cotovelo (vedado o uso de "boca de sino" ou "morcego"), decote pequeno, sem expor os ombros e os seios, podendo ter gola ou não.
Tecidos: lisos e mais encorpados, sem usar enfeites dourados, prateados, pinturas à óleo e demais tintas e purpurinas, bordados, ter o cuidado de escolher cores harmoniosas e lisas, esquecendo as cores fortes, berrantes e fosforescentes.
- SAIA E CASAQUINHO: Saia com a barra no peito do pé, godê, meio-godê ou em panos, sem bordados.
Tecidos: lisos e mais encorpados, não transparente, sem usar enfeites dourados, prateados, pinturas à óleo e demais tintas e purpurinas. Bordados discretos, ter o cuidado de escolher cores harmoniosas e lisas, esquecendo as cores fortes, berrantes e fosforescentes.
Casaquinho: de mangas longas (vedado o uso de mangas "boca de sino" ou "morcego"), gola pequena e abotoado na frente.
Obs.: Saia com casaquinho (roupa de época), a saia deve ser lisa. No casaquinho poderá ter bordados discretos.
- VESTIDO: Inteiro e cortado na cintura ou de cadeirão ou ainda corte princesa com barra de saia no peito do pé, corte godê, meio-godê, franzido com ou sem babados.
Mangas – longas, três quartos ou até o cotovelo, admitindo-se pequenos babados nos punhos, sendo vedado o uso de "mangas boca de sino" ou "morcego".
Decote – pequeno, sem expor ombros e seios.
Enfeites – de rendas, bordados, fitas, passa-fitas, gregas, viés, transelim, crochê, nervuras, plisses, favos. É permitida pintura miúda, com tintas para tecidos. Não usar pérolas e pedrarias, bem como, os dourados ou prateados e pintura a óleo e demais tintas ou purpurinas.
Tecidos - lisos ou com estampas miúdas e delicadas, de flores, listras, petit-poa e xadrez delicado e discretos. Podem-se ser usados tecidos de microfibra, crepes, oxford. Não serão permitidos os tecidos brilhosos ou fosforescentes, transparentes, slinck, lurex, rendão e similares.
Cores – devem ser harmoniosas, sóbrias ou neutras, evitando-se contrastes chocantes. Não usar preto, as cores da bandeira do Brasil e do RS (combinações)
Na categoria mirim: não usar cores fortes (ex: marrom, marinho, verde escuro, roxo, bordô, pink, azul forte).
- SAIA DE ARMAÇÃO: Leve e discreta, na cor branca. Se tiver bordados, estes devem se concentrar nos rodados da saia, evitando-se o excesso de armação. O comprimento deve ser inferior ao do vestido.
- BOMBACHINHA: Branca, de tecido, com enfeites de rendas discretas, abaixo do joelho, cujo comprimento deverá ser mais curta que o vestido.
- MEIAS: Devem ser de cor branca ou bege e longas, o suficiente para não permitir a nudez das pernas.
- SAPATOS: Nas cores preta, marrom e bege, com salto 5 ou meio salto, com tira sobre o peito do pé, que abotoe do lado de fora ou botinhas pretas, marrom (vários tons de marrom). O salto da botinha é de 5cm.
Não é permitido: Uso de sandálias e nem de sapatos abertos com vestidos, saias e casacos e saia e blusa.(em nenhum momento é permitido o uso de sapatos abertos com pilcha feminina).
- CABELOS: Podem ser soltos, presos, semi-presos ou em tranças, enfeitados com flores naturais ou artificiais, sem brilhos ou purpurinas.
Obs.: O coque é permitido somente para prendas adultas e veteranas.
As flores poderão ser usados por prendas adultas e juvenis, bem como, um pequeno passador (travessa). As prendas mirins não usam flores. Proibido o uso de plástico.
- MAQUIAGEM: Discreta de acordo com a idade e o momento social.
OBSERVAÇÕES:
a. Nas atividades de serviço (torcida, atividades nas escolas, eventos campeiros), a prenda poderá usar: saia e blusa, bombachas feminina (lisa, sem bordado, com abertura lateral) e camiseta em manga com gola "V" ou redonda, com o símbolos da entidade, da Região Tradicionalista ou do MTG, chinelo campeiro (de couro), alpargata, alpargata de couro.
b. Nos Congressos, Convenções, Concursos de Prendas, Concurso de Peões (parte artística), Encontros Regionais, Visitas Sociais, não é permitido o uso de bombachas feminina.
c. A faixa das prendas deverá ser substituída por crachá sempre que estiver com o traje alternativo ou de bombachas.
d. A Categoria Mirim (masculino e feminino) usará pilcha de acordo com o que prescreve o "Livro de Indumentárias", editado pelo MTG.


















II - DA PILCHA CAMPEIRA
Indumentária a ser utilizada nas atividades campeiras, tais como rodeios, cavalgadas, desfiles e outras lidas.
1. PILCHA MASCULINA
CHAPÉU: de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais.
Obs. É vedado o uso de boinas e bonés.
BARBICACHO: de couro cru, sola ou crina, podendo ter algum enfeite de metal.
LENÇO: no caso do uso com algum tipo de nó, com a medida de 25 cm a partir deste. Com o uso do passador de lenço, com a medida de 30 cm a partir deste. Nas cores vermelho, branco, azul, verde, amarelo, ou carijó nas cores supra citadas. É possível, ainda, carijós em marrom ou cinza.
CAMISA: estilo social, com mangas longas ou curtas, com colarinho e botões na parte frontal, em cores sóbrias, de acordo com as determinações regionais. Sendo vedado o uso de camiseta e camisa gola pólo.
Obs. A camisa deverá estar sempre por dentro das bombachas.
CINTO (GUAIACA): tendo de uma a três guaiacas internas, ou não, com uma ou duas fivelas frontais. Ou de couro cru, com ou sem guaiacas, sempre com uma ou duas fivelas frontais. Ambos deverão ter no mínimo 7cm de largura.
TIRADOR: de uso opcional, exceto para pealar. Quando usado, este substituirá o cinto quando tiver um reforço na parte superior (cintura) imitando um cinto, com ou sem guaiacas e que tenha no mínimo uma fivela de tamanho grande (5 a 7cm).
FAIXA: de uso opcional. Quando usada deverá ser de lã, nas cores preta ou vermelha.
BOMBACHAS: com ou sem favos, coincidindo a largura da perna com a largura da cintura, ou seja, uma pessoa que use sua bombacha no tamanho 40, automaticamente deverá ter, aproximadamente, uma largura de cada perna de 40 cm.
Obs.
- A largura das bombachas, na altura das pernas, deve ser tal que a caracterize como tal e não seja confundida com uma calça.
- As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas.
BOTA: de couro, nas cores preta, marrom e amarela (baia).
ESPORAS: de uso obrigatório, sempre usado no calcanhar e com rosetas não pontiagudas.
FACA: O uso da faca na cintura é obrigatório para as categorias dos peões, exceto na gineteada, vedado para piás e guris e facultativo para as demais categorias. Quando utilizada, a faca deverá ter no mínimo 15cm e no máximo 30cm de lâmina e ser adequada ao uso campeiro.
2. PILCHA FEMININA
CHAPÉU: de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais.
Obs. É vedado o uso de boinas e bonés.
BARBICACHO: de couro cru, sola ou crina, podendo ter algum enfeite de metal.
LENÇO: de uso opcional. Quando usado não poderá ser uma tira ou fita.
CAMISA: estilo social, com mangas longas ou curtas, com colarinho e botões na parte frontal, podendo ter cortes e características femininas (rendas, babados, etc), em cores sóbrias, de acordo com as determinações regionais. Sendo vedado o uso de camiseta e camisa gola polo.
CINTO (guaiaca): de uso opcional, porém quando usado, tendo de uma a três guaiacas, internas ou não, com uma ou duas fivelas frontais, ou artesanal de couro cru, com ou sem guaiacas, mas sempre com uma ou duas fivelas frontais.
TIRADOR: de uso opcional, exceto para pealar. Quando usado, este substituirá o cinto quando tiver um reforço na parte superior(cintura) imitando um cinto, com ou sem guaiacas e que tenha no mínimo uma fivela de tamanho grande(5 a 7cm).
FAIXA: de uso opcional. Quando usada deverá ser acompanhada do cinto e ser de lã, nas cores preta ou vermelha.
BOMBACHAS: com ou sem favo, sem bordados e sem pregas costuradas. Podendo ser de estilo feminino, ou seja, com aberturas laterais. A largura das bombachas, na altura da perna, será, aproximadamente, a mesma largura da cintura. Naturalmente as bombachas femininas serão mais estreitas do que as masculinas.
BOTA: de couro, nas cores preta, marrom e amarela (baia).
ESPORAS: de uso opcional. Quando utilizadas, deverão ser dotadas de rosetas não pontiagudas.
FACA: de uso opcional.
Obs.:
1) Aconselha-se que quando a prenda for montar com vestido ou saia, que ela use o selim e não as montarias convencionais.
2) Poderão também ser usados os trajes alternativos regionais, desde que devidamente comprovados e aprovados em Encontro Regional.





III - DA PILCHA PARA A PRÁTICA DE ESPORTES
Indumentária a ser utilizada nas atividades esportivas, tais como jogos de truco, bocha campeira, tava, etc.
1. PILCHA MASCULINA
CHAPÉU: de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais, porém para as provas realizadas em locais cobertos, é vetado o seu uso.
Obs. É vetado o uso de boinas e bonés.
BARBICACHO: de couro cru, sola ou crina, podendo ter algum enfeite de metal.
LENÇO: no caso do uso com algum tipo de nó, com a medida de 25 cm a partir deste. Com o uso do passador de lenço, com a medida de 30 cm a partir deste. Nas cores vermelho, branco, azul, verde, amarelo, ou carijó nas cores supra citadas. É possível, ainda, carijó em marrom ou cinza.
CAMISA: estilo social, com mangas longas ou curtas, com colarinho e botões na parte frontal, em cores sóbrias, de acordo com as determinações regionais. Sendo vedado o uso de camiseta e camisa gola polo.
CINTO (Guaiaca): tendo de uma a três guaiacas, internas ou não, com uma ou duas fivelas frontais, ou de couro cru, com ou sem guaiacas, mas sempre com uma ou duas fivelas frontais, ambos deverão ter no mínimo 7cm de largura.
FAIXA: de uso opcional. Quando usada deverá ser de lã, nas cores preta ou vermelha.
BOMBACHAS – com ou sem favos, coincidindo a largura da perna com a largura da cintura, ou seja, uma pessoa que use suas bombachas no tamanho 40, automaticamente deverá ter, aproximadamente, uma largura de cada perna de 40 cm.
Obs.
- A largura das bombachas, na altura das pernas, deve ser tal que a caracterize como tal e não seja confundida com uma calça.
- As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas.
BOTA: de couro, nas cores preta, marrom e amarela (baia).
CHINELO CAMPEIRO: em couro e fechado na frente.
TAMANCO: com cepa de madeira, em couro e fechado na frente.
ALPARGATAS: de lona com solado de corda, ou de couro com solado de couro.
FACA: é vedado o seu uso.

2. PILCHA FEMININA
CHAPÉU: de uso opcional, de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais, porém para as provas realizadas em locais cobertos, é vedado o seu uso.
Obs. É vedado o uso de boinas e bonés.
BARBICACHO: de couro cru, sola ou crina, podendo ter algum enfeite de metal.
LENÇO: de uso opcional. Quando usado não poderá ser uma tira ou fita.
CAMISA: estilo social, com mangas longas ou curtas, com colarinho e botões na parte frontal, podendo ter cortes e características femininas (rendas, babados, etc), em cores sóbrias, de acordo com as determinações regionais. Sendo vedado o uso de camiseta e camisa gola polo.
CINTO (Guaiaca): de uso opcional, porém quando usado, tendo de uma a três guaiacas, internas ou não, com uma ou duas fivelas frontais, ou artesanal de couro cru, com ou sem guaiacas, mas sempre com uma ou duas fivelas frontais.
FAIXA: de uso opcional. Quando usada deverá ser acompanhada do cinto e ser de lã, nas cores preta ou vermelha.
BOMBACHAS: com ou sem favo, sem bordados e sem pregas costuradas. Podendo ser de estilo feminino, ou seja, com aberturas laterais. A largura das bombachas, na altura da perna, será, aproximadamente, a mesma largura da cintura. Naturalmente as bombachas femininas serão mais estreitas do que as masculinas.
BOTA: de couro, nas cores preta, marrom e amarela (baia).
CHINELO CAMPEIRO: em couro e fechado na frente.
ALPARGATAS: de lona com solado de corda, ou de couro com solado de couro.
FACA: é vedado o seu uso.

OBSERVAÇÕES GERAIS PARA TODAS AS SITUAÇÕES:
É vedado, por não fazerem parte da indumentária tradicional do gaúcho:
a. Bonés e boinas;
b. Barbicachos exclusivamente de metal;
Chapéus de couro, palha, ou qualquer material sintético;
Cinto com rastra (enfeite de metal com correntes na parte frontal);
Botas de borracha ou de lona.

quinta-feira, julho 31, 2008

A Lenda

A LENDA DO NEGRINHO DO PASTOREIO

Era o tempo da escravidão e um menino negrinho, pretinho que nem carvão, humilde e raquítico era escravo de um fazendeiro muito rico, mas por demais avarento. Se alguém necessitasse de um favor, não se podia contar com este homem. Não dava um níquel a ninguém e seu coração era a morada de uma pedra, não nutria qualquer sentimento por ninguém, a não ser por seu filho, um menino tão malvado quanto seu pai, pois afinal, a fruta nunca cai muito longe da árvore. Este dois eram extremamente perversos e maltratavam o menino-escravo desde do raiar do dia, sem lhe dar trégua. Este jovenzinho não tinha nome, porque ninguém se deu sequer o trabalho de pensar algum para ele, assim respondia pelo apelido de "negrinho".
Seus afazeres não eram condizentes com seu porte físico, não parava o dia inteiro. O Sol nascia e lá já estava ele ocupado com seus afazeres e mesmo ao se por, ainda se encontrava o negrinho trabalhando. Sua principal ocupação era pastorear. Depois de encerrar seu laborioso dia, juntava os trapos que lhe serviam de cama e recebia um mísero prato de comida, que não eram suficientes para repor as energias perdidas pelo sacrificado trabalho.
Mesmo sendo tão útil, considerado mestre do laço e o melhor peão-cavaleiro de toda a região, o menino era inúmeras vezes castigado sem piedade.
Certa vez, o estanceiro atou uma carreira com um vizinho que gabava-se de possuir um cavalo mais veloz que seu baio. Foi marcada a data da corrida e o negrinho ficou encarregado de treinar e montar o famoso baio, pois sabia seu patrão, não haver ninguém mais capaz que ele para tal tarefa.
Chegando o grande dia, todos os habitantes da cidade, vestindo suas roupas domingueiras,se alojaram na cancha da carreira. Palpites discutidos, apostas feitas, inicia-se a corrida.
Os dois cavalos saem emparelhados. Negrinho começa a suar frio. pois sabe o que lhe espera se não ganhar. Mas, aos poucos toma a dianteira e quase não há dúvida de que seria vencedor. Mas, eis que o inesperado acontece, algo assusta o cavalo, que para, empina e quase derruba Negrinho. Foi tempo suficiente para que seu adversário o ultrapasse e ganhe a corrida.
E agora? O outro cavalo venceu. Negrinho tremia feito "vara verde" ao ver a expressão de ódio nos olhos de seu patrão. Mas o fazendeiro, sem saída, deve cobrir as apostas e põe a mão no lugar que lhe mais caro: o bolso.
Ao retornarem à fazenda, o Negrinho tem pressa para chegar a estrebaria.
- Aonde pensa que vai? pergunta-lhe o patrão.
- Guardar o cavalo sinhô! Balbuciou bem baixinho.
- Nada feito! Você deverá passar trinta dias e trinta noites com ele no pasto e cuidará também de mais 30 cavalos. Será seu castigo pelo meu prejuízo. Mas, ainda tem mais, passe aqui que vou lhe aplicar o devido corretivo.
O homem apanhou seu chicote e foi em direção ao menino:
- Trinta quadras tinha a cancha da corrida, trinta chibatadas vais levar no lombo e depois trata de pastorear a minha tropilha.
Lá vai o pequeno escravo, doído até a alma levando o baio e os outros cavalos à caminho do pastoreio. Passou dia, passou noite, choveu, ventou e o sol torrou-lhe as feridas do corpo e do coração. Nem tinha mais lágrima para chorar e então resolveu rezar para a Nossa Senhora, pois como não lhe foi dado nome, dizia-se afilhado da Virgem. E, foi a "santa solução", pois Negrinho aquietou-se e então cansado de carregar sua cruz tão pesada, adormeceu.
As estrelas subiram aos céus e a lua já tinha andado metade de seu caminho, quando algumas corujas curiosas resolveram chegar mais perto, pairando no ar para observar o menino. O farfalhar de suas asas assustou o baio, que soltou-se e fugiu, sendo acompanhado pelos outros cavalos. Negrinho acordou assustado, mas não podia fazer mais nada, pois ainda era noite e a cerração como um lençol branco cobria tudo. E, assim, o negrinho-escravo sentou-se e chorou...
O filho do fazendeiro, que andava pelas bandas, presenciou tudo e apressou-se em contar a novidade ao seu pai. O homem mandou dois escravos buscá-lo.
O menino até tentou explicar o acontecido para o seu senhor, mas de nada adiantou. Foi amarrado no tronco e novamente é açoitado pelo patrão, que depois ordenou que ele fosse buscar os cavalos. Ai dele que não os encontrasse!
Assim, Negrinho teve que retornar ao local do pastoreio e para ficar mais fácil sua procura, acendeu um toco de vela. A cada pingo dela, deitado sobre o chão, uma luz brilhante nascia em seu lugar, até que todo lugar ficou tão claro quanto o dia e lhe foi permitido, desta forma, achar a tropilha. Amarrou o baio e gemendo de dor, jogou-se ao solo desfalecido.
Danado como ele só e, não satisfeito com já fizera ao escravo, o filho do fazendeiro, aproveitou a oportunidade de praticar mais uma maldade dispersa os cavalos. Feito isso, correu novamente até seu pai e contou-lhe que Negrinho havia encontrado os cavalos e os deixara fugir de propósito. A história se repete e dois escravos vão buscá-lo, só que desta vez seu patrão está decidido em dar cabo dele. Amarrou-o pelos pulsos e surrou-o como nunca. O chicote subia e descia, dilacerando a carne e picoteando-a como guisado. Negrinho não agüentou tanta dor e desmaiou. Achando que o havia matado, seu senhor não sabia que destino dar ao corpo. Enterrá-lo lhe daria muito trabalho e avistando um enorme formigueiro jogou-o lá. As formigas acabariam com ele em pouco tempo, pensou.
No dia seguinte, o cruel fazendeiro, curioso para ver de que jeito estaria o corpo do menino, dirigiu-se até o formigueiro. Qual sua surpresa, quando o viu em pé, sorrindo e rodeado pelos cavalos e o baio perdido. O Negrinho montou-o e partiu a galope, acompanhado pelos trinta cavalos.
O milagre tomou o rumo dos ventos e alcançou o povoado que alegrou-se com a notícia. Desde aquele dia, muitos foram os relatos de quem viu o Negrinho passeando pelos pampas, montado em seu baio e sumindo em seguida por entre nuvens douradas. Ele anda sempre a procura das coisas perdidas e quem necessitar de seu ajutório, é só acender uma vela entre as ramas de uma árvore e dizer:
Foi aqui que eu perdi
Mas Negrinho vai me ajudar
Se ele não achar
Ninguém mais conseguirá!

terça-feira, junho 10, 2008

Bota de Garrão de Potro

Bota de Garrão de Potro

Edison Acri




O Gaúcho - usos e costumes

O folclorista alemão Lehamann Nitsche, pesquisador do folclore argentino, realizou um estudo no Museu de História e Arte de Berlim, em 1908, constatando que a boto de potro ou de vaca aparecia em quase todos os povos primitivos da antigüidade.
Foi o primeiro calçado fabricado pelos nossos índios e gaúchos, por volta do século XVIII. Era comum a tropeiros, changadores, paulistas e lagunistas que tropeavam mulas para Minas Gerais.
As botas eram tiradas de vacas, burros e éguas, raramente do potro que lhes deu seu nome.
Normalmente eram feitas com o couro das pernas traseiras do animal; quando tiradas das mãos, geralmente eram usadas cortadas na ponta e no calcanhar, ficando este a descoberto.
As botas eram tiradas da seguinte maneira: faziam-se dois cortes transversais nas patas do animal morto, um na coxa, o mais alto possível, e outro pouco acima do casco. Retirava-se o couro, puxando e enrolando, de cima para baixo.
A bota de garrão foi muito usada a meio pé, isto é, aberta na ponta, deixando os dedos de fora, o que facilitava estribar no estribo pampa. mas também foi usada fechada. Nesse caso, deixava-se na ponta uma lingüeta maior de couro, que era dobrada para cima e costurada com um tento bem fino, geralmente de couro de potrilho.
Essas botas, quando em uso, não duravam mais do que uns dois meses.




quarta-feira, maio 07, 2008

Gauchônia, o Estranho País dos Gaúchos

Gauchônia, o estranho País dos Gaúchos
"Sou maior que a história grega,
Sou gaúcho e me chega, pra ser feliz no Universo"
Marco Aurélio Campos

O tradicionalismo gaúcho nasceu no entardecer do século XIX tendo como figura maior o Major João Cezimbra Jacques. Do surgimento do Grêmio Gaúcho de Porto Alegre, em 1898, até o ano de 1948, surgiram várias iniciativas no sentido de construir núcleos de culto ao gauchismo, alcançando um sucesso relativo.
A sociedade começava a separar-se, de um lado a urbana para não se confundido com a sociedade pastoril, reunia-se nos clubes comerciais (elite) e Caixeral (mídia) enquanto ao peão restava apenas o aconchego do galpão e da viola, onde cantava seu amor a terra.
Surge em Pelotas, a União Gaúcha criada em 1899 por João Simões Lopes Neto. Este elucidava o porquê da criação de tal agremiação:
"Hábitos saudáveis na família estão sendo cada dia, abolidos. Brincadeiras infantis, esquecidos. Praticas e Usanças características, desprezadas. (...) é o lento suicídio de nossa personalidade."
As agremiações criadas ainda, no século XIX, como grêmio gaúcho de Porto Alegre (1898), União Gaúcha (1899), Centro Gaúcho de Bagé (1899) e no inicio do século XX o Grêmio Gaúcho de Santa Maria (1901), Sociedade Gaúcha Lomba Grande (1938) e o Clube Farroupilha de Ijuí (1943) foram o despertar do patriotismo como uma alavanca na afirmação da identidade local. Era a semente que germinaria com muita força na segunda metade do século XX.
Enquanto Simões Lopes Neto divulgava seus trabalhos folclóricos, no Rio de Janeiro os sul-riograndenses ganhavam o apelido de "gaúchos". O Dr. Severino de Sá Brito registrava com simpatia a novidade:
De algum tempo nossos amáveis patrícios do RJ nas suas habituais gentilezas nos alcunham de gaúchos, por darem a essa palavra uma expressão de galhardia e elevação"
Mas no Rio Grande o fato causou mal estar à elite urbana, onde saiu no Almanaque do RS em 1912 o artigo "gaúcho, por quê?". As criticas eram enormes, a ponto de Cezimbra Jaques exilar-se no RJ para não ser ridicularizado.
Após a primeira grande guerra, já na década de 20 os riograndenses já vinham aceitando, sem maiores restrições, a alcunha de gaúcho, que vinha,coincidentemente com os modismos de fora. A classificação dada era relacionada à perícia campeira, das habilidades exercidas sobre os animais nas lidas de campo da estância.
Em 1947, em Porto Alegre, surgiu um núcleo constituído por jovens interioranos que tiveram a felicidade de conceber uma forma associativa calcada totalmente na vivência do gaúcho campesino, do que resultou a criação do 35 Centro de Tradições Gaúchas, em abril de 1948.
No final dos anos setenta era comum afirmar que as tradições gaúchas estavam acabando, mas o que se verificou nos anos oitenta foi o fortalecimento do gauchismo. O surgimento de mais de quarenta festivais nativistas durante esta década com certeza contribuiu para a afirmação da cultura tradicionalista, principalmente nos centros urbanos sendo muito comum o uso da bota e da bombacha por jovens que nunca encilharam um cavalo ou participaram de lidas de campo. Mesmo contribuindo para a divulgação e a afirmação da cultura riograndense os festivais sofreram restrições dos tradicionalistas, pois , se os tradicionalistas defendem e pesquisam a cultura desde o seu passado, os nativistas vêem a cultura partindo dos dias atuais. Mesmo existindo divergências entre tradicionalistas e nativistas a importância de ambos não pode ser desprezada, pois as suas preocupações são voltadas para a mesma temática, ou seja, os usos e costumes dos gaúchos.
Passaram-se pouco mais de cinqüenta anos e daquela semente inicial surgiu uma frondosa árvore cujos ramos se constituem, hoje, nos mais de dois mil e quinhentos núcleos dedicados à cultura gaúcha. O surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), enquanto federação (associação), no ano de 1966, foi uma decorrência natural da necessidade de uma orientação unificada e de normas que pudessem organizar aquele movimento de culto ao gauchismo, surgido espontaneamente do seio da sociedade sul-riograndense. Nascido com pretensões limitadas, o movimento tradicionalista de Barbosa Lessa e Paixão Cortes transformou-se no maior movimento cultural já existente no Brasil.
Chegamos ao século XXI com um Movimento Organizado, talvez exageradamente formalista, mas forte o suficiente para ocupar um espaço mais generoso na sociedade gaúcha.
Somente no Rio Grande do Sul, o MTG congrega 1475 entidades juridicamente constituídas e que, somadas, totalizam mais de um milhão e meio de sócios. O Movimento constitui-se, desta forma, numa respeitável força social, cultural, política e econômica.
As atividades típicas do gauchismo, realizadas pelas entidades tradicionalistas, movimentam um volume fantástico de recursos financeiros e se constituem no maior motor do turismo interno no Estado. São realizados, em média, duzentos eventos tradicionalistas por semana, dos quais participam no mínimo cem pessoas e alcançam a dezenas de milhares, nos rodeios de maior envergadura.
De outra parte, como entidade responsável pela preservação e fortalecimento dos aspectos da tradição gaúcha, o MTG tem assumido posições muito claras no combate às iniciativas que deslustram a nossa música, a indumentária e a encilha típicas gaúchas. A posição do MTG não é contra a quem quer que seja e nem tem o objetivo de impedir o surgimento de outras manifestações, mas tem a finalidade de favorecer, premiar, valorizar aqueles que mantém a tradição nas suas manifestações e na sua forma de vestir ou de encilhar o cavalo. Acreditamos que podemos alcançar o global cantando o local como afirmou Tolstói e como estabeleceu Glaucus Saraiva ao redigir a Carta de Princípios do Tradicionalismo Gaúcho, adotada desde 1961.
Ubiratan da Cunha Guilherme
Tradicionalista e Academico de Relações Públicas da Facct.

terça-feira, maio 06, 2008

Don Jayme Caetano Braun

A poesia de Jayme Caetano Braun


Gramática, poesia... e uma panela de ferro
Todos os trabalhos humanos, desde construir um muro para fechar um túmulo, até escrever um poema para o deleite da alma, são compostos de duas partes: a braçal e a intelectual. Uma, até pode ser feita pelo escravo; a outra deve ser executada, necessariamente, pelo senhor. A diferença que os separa é o infinito, quando a alma humana, com a sua enorme capacidade de criar, se equipara ao Criador do Universo.
Para existir é preciso energia. A gente não vive de graça: paga-se segundo por segundo vivido! Não há como regatear. A moeda, porém, não é o dinheiro, mas o trabalho. Este é o encanto da vida: não poder ser comprada por dinheiro nenhum. Senão, os ricos seriam imortais.
"O trabalho distingue a humanidade do animal. Desperta as messes nos pampas, extrai metal luzente dos mais negros antros, converte a argila em lar, a pedreira em estátua, o trapo em vela, a cor em quadro, a chispa em labareda, a palavra em livro, o raio em luz, a catarata em força, a hélice em asa. Seu esforço secular criou o poder do homem sobre as forças naturais, dominando-as antes, para utilizá-las depois. É obra sua a alavanca, a cunha, o machado, a roda, a serra, o motor e a turbina. Nada existe no mundo que não conserve o vestígio de suas virtudes vencedoras do tempo".
Todo o capital da humanidade representa trabalho acumulado. Criaram-no as gerações que já trabalharam, e são seus legítimos donos as gerações que hão de trabalhar. Os que usurpam algo desse capital comum, para convertê-lo em instrumento de ócio, são inimigos da sociedade.
O trabalho é um dever social. Os que vivem sem trabalhar são parasitas mórbidos que usurpam aos outros homens uma parte do seu labor comum. A mais justa fórmula da moral social ordena imperativamente: "quem não trabalha, não come!" Quem nada leva para a colmeia, não tem o direito de provar o mel". (José Ingenieros – "As forças morais").
O trabalho intelectual não prescinde do muscular, como a alma não dispensa um corpo físico para se manifestar. O intelecto não se alimenta de inspirações, de ventanias. O neurônio precisa da energia bioquímica real, palpável e mensurável, na dimensão científica que acaba com romantismos e superstições. Cada novo progresso científico pulveriza legiões de crendices.
A gramática é a parte menos nobre da Literatura. Significa trabalho escravo, como carregar pedras ou abrir valos, onde a máquina e o computador podem fazer muito melhor do que o homem. Mais importante de "como se diz" é "o que se diz". Mas, nem por isso deixa de ser valiosa. Sem ela não haveria formas de expressão e seríamos como as pequeninas ilhas perdidas na corrente do oceano que se refere Hemingway, isolados pela impossibilidade de comunicação. As idéias ficariam desfiguradas, como acontece com o autismo, com a pintura moderna, a música dodecafônica, disformes como espectros que escondem, no seu sincretismo, a loucura ou a absoluta falta de talento.
Há de se valorizar mais a idéia, que é alma, mesmo cientes de que ela precisa da palavra para existir como literatura, do que a embalagem, que é a gramática. A idéia é chama, ou centelha divina, que anima qualquer esforço, elevando o homem a Deus, fazendo a diferença enorme que há entre amontoar pedras, como fazem os castores, e pintar a cúpula da Capela Sixtina, como fez Miguel Ângelo. A arte verdadeira – alma e forma, idéia e gramática – não precisa de simbolismos nem de interpretações. Ela se impõe por si mesma, pela sua beleza divina que entra alma a dentro, fulgurante como um raio, fazendo o homem cair de joelhos diante do magnífico. A beleza é absoluta.
"Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina!"
"Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina!" – diz um velho e sábio provérbio italiano intuindo a importância da aptidão natural e da experiência no sucesso de qualquer empreendimento.
O diamante passa despercebido aos olhos despreparados dos leigos: confunde-se com o cascalho. Mas, não para o entendido! Há uma coisa que o Braga, experiente editor do extinto jornal "Folha de Hoje", jamais faria: recusar um trabalho por conter erros de ortografia, porque o autor não soube usar, corretamente, a vírgula ou o pronome oblíquo. Só com um pequeno detalhe: trata-se da notícia da cura radical, completa, imediata e barata do câncer e da AIDS em qualquer forma ou estágio. A maior notícia do século! É o diamante disfarçado em cascalho.
Nos momentos cruciais entre vida e morte, como acontece nas grandes complicações cirúrgicas, o Dr. Roberto de Oliveira Flores lembra o que dizia o seu velho mestre ao afirmar que a teoria vale pouco, vale mais a experiência: "Quando a coisa fica mesmo difícil, não chame, nunca, o doutor, chame o médico!" Ele sabia que a teoria, na hora da verdade não funciona, porque não sabe separar o belo do útil. "A sabedoria" – que não tem nada a ver com beleza – "não vale a pena se não for possível servir-se dela para inventar uma nova maneira de preparar o feijão". (Garcia Márquez – "Cem anos de solidão").
Catulo da Paixão Cearense, o poeta porque nasceu poeta e não porque decorou a gramática, assim respondia às críticas que lhe faziam os invejosos criticastros que costumam proliferar atrás das glórias alheias: "Com Gramática, ou sem Gramática, eu sou o maior poeta do Brasil!"
E era mesmo! Porque agora não é mais. Assim como ninguém "laça a mula sem cabeça, maneia o diabo rengo, nem rouba um beijo da prenda minha", ninguém abafa um talento! Agora surgiu um outro, que também foi chamado de analfabeto e, mesmo assim, é um dos maiores de todos. Seu nome? – Jayme Caetano Braun!
"......................................
Meia dúzia de impostores,
que se arvoraram folcloristas
e andam – mesmo que angolistas,
ciscando nos corredores,
com siglas de professores
que adotaram por decreto,
me chamam de analfabeto,
– aceito a definição,
mas tenho o usucapião
que me concede o dialeto!
........................................."
("Identidade" de Jayme Caetano Braun)
Quem foi Jayme Caetano Braun
As grandes figuras não têm idade, porque o talento nunca envelhece. Por isso, não interessa quando o poeta nasceu, nem quantos anos ele tem. Caetano Braun é imortal: vive nesta terra e nas páginas dos seus livros, nas reuniões de tradicionalistas, nos galpões enfumaçados, nas rodas de mate deste mundão sem fronteiras.
Para dizer quem foi Jayme Caetano Braun, passo a palavra ao grande Rui Ramos – advogado e tribuno, primeiro; depois... legenda, no dizer do próprio Braun – que o conhecia tão bem:
"Cruza de um mestre-escola de origem alemã, o Prof. João Aloyzio Braum, e de uma formosa cabocla, crespa e jambo, dos Sete Povos das Missões, Dona Euclides Ramos Caetano, o poeta surgiu na região de Sepé Tiaraju e sugou no leite da infância e no churrasco da juventude, toda essa força telúrica do ancestralismo, com que pode, agora, transmudar em beleza e som e rima os motivos explorados e inexplorados da vida, da luta e do sofrimento do gaúcho.
(...)
Jayme Caetano Braun não é apenas um fazedor de versos. Tem personalidade definida. Encarna, com vigor e determinação a defesa das nossas tradições, seriamente ameaçadas por um processo degenerativo."
Para confirmar o que disse o grande Ruy Ramos, ouçamos o próprio Caetano:
"E assim como tu, Negrinho,
Que um dia foste espancado
E por fim martirizado
Num formigueiro do pago,
O meu peito de índio vago
Também sofreu igual sorte.
E hoje vagueia sem norte,
Sem fugir, por mais que ande,
Deste formigueiro grande,
Onde costumes malditos
Tentam matar aos pouquitos
As tradições do Rio Grande!"
Como a maioria dos verdadeiros artistas, de qualquer ramo, Caetano sempre teve horror às aglomerações despersonalizantes dos rebanhos. Não existe mutirão na arte. É a atividade mais solitária – a solidão dos píncaros – que existe, como o nascer e o morrer.
O seu maior biógrafo, o poeta Balbino Marques da Rocha, compôs um belíssimo poema em homenagem ao Eduardo, filho do Caetano Braun. Existe uma grande admiração entre Balbino e Caetano.
O texto a seguir foi extraído do Prefácio do Livro "Potreiro de Guachos", de Jayme Caetano Braun, publicado em 1969.
"Jayme Caetano Braun é, hoje, um nome repetido em todos os quadrantes do Rio Grande...
Seus livros nada mais são do que instantâneos de algumas notas que o autor conservou. O mais perdeu-se e se perderá nas noites de galpão, nas reuniões sociais e nos encontros de payadores onde Jayme, de improviso, emocionado e de olhar penetrante, solta ao sabor de uma milonga o rosário de ouro das suas mais profundas composições. Ele é um repentista soberbo encarnando, nos momentos de exaltação, o panorama inteiro do Rio Grande. Na pasmosa transfiguração do espírito revive nele, nestes momentos, o índio inculto, nas oferendas tribais, no soturno socalcar de couros estirados sobre troncos ocos, linguagem grave de evocações lendárias do selvagem galpão. Revive o homem de chiripá e botas de garrão de touro, na inimitável expressão dos dias da conquista, onde se viviam momentos de couro cru e a lei era a faca, nas distâncias infinitas do pampa, quando os monarcas da amplidão transpunham distâncias ao ritmo de quatro-patas e, ao esvoaçar de crinas de baguais recém-domados. É o peão de estância, no seu linguajar grosseiro e pitoresco, a reviver pealos porteira afora e a decompor expressões desconhecidas da gramática, porque se geraram nos atropelos de campereadas, que não se repetem, sovando rédeas e pelegos.
Na misteriosa transubstanciação das rimas, abstrai o seu tipo físico e veste a expressão de domadores e vaqueanos, ao trote de garanhões poderosos, destilando ao compasso de patas a rima bárbara de horizontes chucros. Os que ouvem estranham-se de um Rio Grande com pasto, percebendo a bulha de tiradores e o tinido ancestral das esporas de ferro, riscando ilhargas de baguais. Afundam pelos descampados bravios do Continente de São Pedro, em caravoltas da História, remontando às jornadas da Colônia do Sacramento, onde se forjaram os gaúchos de três pátrias. Penetram os momentos das arriadas nas vaquerias do mar, no comércio bruto de couro e sebo, ao zunir de boleadeiras e laços e no rechinar de arreios, quando o homem se impunha às leis bárbaras de uma natureza crua, entre tropéis e manadas...
Depois, na transposição maravilhosa da inteligência, ele nos repõe nos nossos dias, frente ao fogo de um galpão evocativo, embebidos da visionária e impressionante retrospecção do passado, para nos sentirmos mais rio-grandenses e compreendermos que, somente a um homem a cavalo, poderia ser atribuída a tarefa de vigiar como sentinela este imenso Brasil.
Jayme nasceu em São Luiz Gonzaga mas, naquele momento, tremeram os alicerces dos quatro pontos cardeais do Rio Grande, porque nascia o grande e inimitável payador desta terra, que terá o calendário mudado para antes e depois de Jayme Braun.
1969, Porto Alegre
Balbino Marques da Rocha."
***
Jayme Caetano Braun é um poeta gaúcho consagrado em todo o Brasil, lido também no Uruguai, no Chile e na Argentina. Repentista como ninguém, escreveu oito livros de poesia carregada de telurismo, entre eles "Potreiro de guachos", "Brasil Grande do Sul", "De fogão em fogão", "Pátria – Fogões – Legendas", "Bota de Garrão", "Galpão de estância" e o melhor de todos: "Paisagens perdidas".
Caetano Braun se fez de viagem.
"E um dia, quando souberes
Que este gaúcho morreu,
Nalgum livro serás eu
E nesse novo viver
Eu somente quero ser
A mais apagada imagem
Deste Rio Grande selvagem
Que até de morto hei de querer!"
Jayme Caetano Braun se fez de viagem a Pouso Alto. Não o Pouso Alto da nossa terra, mas o Pouso Alto de outra dimensão: alto como o céu da glória. Os seus versos ainda ressoam nos galpões de todo o Rio Grande Sul, do Paraná, do Mato Grosso, de São Paulo, do Brasil inteiro, de sul a norte, de leste a oeste, em todos os rincões onde se cultua as tradições de dignidade humana e o respeito por um passado de glórias, causando nós em gargantas. Nas escolas do interior, gauchinhas e gauchinhos declamam os versos do poeta, fazendo muito gaúcho bruto esconder lágrimas furtivas, envergonhado por carregar tanta sensibilidade na alma, tocado pela emoção, talvez lembrando o seu próprio pai ao ouvir o poeta cantando, com voz rouca, saudades do seu "velho querido", o João Aloysio: "E se não fui nem a sombra / Do que foste, velho Santo, / Uma coisa te garanto / Sempre me orgulhei de ti!"
Foi a genialidade e a prática que consagraram Caetano Braun. E, acima de tudo, a sua grande sensibilidade para o heróico e o animismo que impregnam a sua obra. É este mesmo animismo, que ele "bebeu no leite da infância e no churrasco da juventude" como disse Ruy Ramos, presente em tudo o que canta e escreve. Trata animais, coisas, objetos e até os fenômenos meteorológicos como pessoas, exatamente como faz o índio de qualquer nacionalidade, familiarizado com a terra – irmã e não inimiga. Caetano tuteia botas, pelegos, ponchos, facas, laços, cuias, erva-mate, galos de rinha, cavalos; fala – sem dialogar porque dialogar seria pedantismo – com o vento, com taperas, com a chuva e com uma infinidade de objetos de uso campeiro, na maior intimidade. Esta é a grande herança materna do Caetano Braun: o animismo que o torna tão íntimo do cosmo, tão guarani! Gente assim – índios e Caetanos Brauns – estendem seu humanismo sobre todas as coisas e seres, como São Francisco de Assis e como Buda. Ninguém é humano se discrimina alvos dos seus afetos, maniqueísticamente como fazem as doutrinas absolutistas, os fanáticos de quaisquer idéias – católicos, maometanos, fundametalistas, comunistas, nazistas. O amor é universal: não discrimina cor, sexo, raça, bandeira, religião, nem natureza.
Tanto isto é verdade que apesar de tanto amar o seu berço – "de todos os sentimentos humanos, nenhum é mais natural do que o amor pela aldeia, pelo vale ou pelo bairro em que vivemos os primeiros anos" (J. Ingenieros) – o poeta demonstra carinho por todos os povos que sintonizam com o sua alma, englobando-os no seu "Brasil Grande do Sul" num grande abraço. Vem confirmar as palavras de Tolstói: "Quanto mais regional o escritor, quanto mais fale da sua aldeia, mais universal ele se tornará".
Assim, "al compás de la vigüela", carradas de sentimentos são descarregados da carreta dos seus livros, carregada de saudade, pelos lábios do "payador". Não há quem não o entenda, porque ele fala a linguagem do coração.
Figueira pampeana
Caetano Braun é uma figueira pampeana, a árvore que melhor simboliza, junto com a corticeira, o Rio Grande do Sul: forte, imponente, majestosa, imune a vendavais e tormentas. E, principalmente, bela, xucra e solitária, que não se agrupa em comportados reflorestamentos despersonalizantes como os clones de Pinus eliotis. Seus galhos longos são braços que abrigam ninhos de passarinhos: mas são passarinhos cantores...
Jayme Caetano Braun é uma majestosa figueira: raízes bem fincadas na terra, como o gaúcho orgulhoso dos seus pagos natais, copadas voltados para ao alto, querendo agarrar o céu. É a perfeita representação do verdadeiro tradicionalista: idealismo sem preciosismos nem limites, mas com pés no chão... ou bem firmes no estribo – em "estriberos de dedo".
É o poeta do "Galo de Rinha" – "E se alguém dobrar-me a espinha, / há de ser depois de morto!"
do "Tio Anastácio" – "Entre a Ponte e o Lajeado / Na venda do Bonifácio / Conheci tio Anastácio ..."
da "Bota de garrão" – "... / rude – bárbaro e singelo, / o meu Rio Grande pagão / é uma Bota de Garrão / no Mapa Verde Amarelo!"
da "Milonga de Três Bandeiras", – "Vieja milonga pampeana / hija de llanto y vientos,"
do "Payador, pampa e guitarra" – "Payador – Pampa e Guitarra / Guitarra – Payador – Pampa / três legendas de uma estampa / onde a retina se amarra;"
do "Bochincho" – "Qual ia ser o meu fim, / me dei conta – de repente, / não vou ficar pra semente, / mas gosto de andar no mundo, / me esperavam na do fundo, / saí na porta da frente..."
do "Galpão de estância" – "Sala grande, chão batido, / Onde passei minha infância..."
do "Morreu o Jacinto Louco" – "Mas a vida foi mais louca, / do que o louco que morreu, / porque só tinha de seu, / uma gaitinha de boca;"
do "Vento Sul" – "De poncho azul, / pingo de gelo, / é o vento sul, / cruzando em pêlo!"
do "Gaitaço" – "Já pedi a Deus e ao demônio / que me livrem de balaço, / quero morrer de um gaitaço / num baile de Santo Antônio!"
das "Paisagens perdidas" da sua infância – "Paisagens de sombra e luz, / como é que pude perdê-las?"
***
Será que o Caetano morreu, mesmo? Parece-me ainda ouvir, vindos "do fundo das grotas de um funeral guarani" os seus inconfundíveis versos gaguejantes:
"O tempo fica pra trás,
mas eu confesso que sinto,
pela força do instinto
na saudade me enfumaço:
– perde o Rio Grande um pedaço
já não tem mais o CAETANO!"
O grande "payador"
Ninguém improvisa melhor do que Caetano Braun: rima e métrica andam de mãos dadas com os sentimentos. Nos seus últimos poemas manifesta uma nítida crença na imortalidade. É um Sócrates guarani que fala com voz rouca, exprimindo sabedoria em forma de poesia: "A esperança do inverno é voltar a primavera".
Quanto sentimento há nos seus versos! Têm a autoridade da beleza quando casada com a verdade. É por isso que ele não ensina: ele faz. E bem feito! Bem feito porque é expontâneo e natural. Ninguém obrigou-o a fazer poesia. O trabalho obrigado é trabalho de escravo. Não se pode amar o que se impõe. "O trabalho só é belo e tem valor" – diz Ingenieros – "quando representa uma aplicação natural da vocação e da capacidade". O trabalho só tem valor quando a espiga for colheita do próprio semeador.
________________________
Na orelha do seu livro "De fogão em fogão", editado em 1958, há um texto que define a poesia de Caetano Braun: "Jayme Caetano Braun extravasa, em seus versos, a alma simples do gaúcho. Num estilo oposto ao acadêmico propriamente dito, sintetiza, o autor, toda a amálgama da vivência do pago, distribuindo, de fogão em fogão, dádivas maravilhosas expressas na simplicidade das rimas e na entonação vibrante dos versos". Completa o ensaísta e crítico Moacir Santana: "A obra conserva, em tudo, a originalidade do autor, homem estudioso e evoluído, que não quis se divorciar dos erros e dos vícios da linguagem do campesino, numa atitude respeitável de amor à verdade dos motivos cultuados".
Panela de carreteiro
Há tempos, Caetano Braun ganhou uma panela de ferro do seu amigo inseparável, o Noel Guarani. Não se sabe porque motivos – diz, ele, que "o Pedro Ortaça é o culpado" – brigaram, e o Guarani quis a panela de volta.
Não concordando, assim alegou Caetano:
"Panela de carreteiro,
dos tempos da monarquia
em constante romaria,
no velho pago campeiro,
regalo de um missioneiro
que me ofertou – de presente,
mas agora – indiferente,
a uma amizade sadia,
vive a sonhar – noite e dia,
chorando a panela ausente!
Maestro dos veteranos
da nossa canção bravia!
uma panela vazia,
não vale teus desenganos!
deixa isso pra os profanos
que a nossa história revela.
Guarani – a vida é tão bela,
em nossa terra baguala,
pra que gastar tanta fala
por causa de uma panela?
Larga de mão – eu te peço,
da idéia de entrar em juízo,
termina dando prejuízo,
só com as custas do processo,
o tempo aponta o progresso,
já sem relincho nem berro;
podes errar – como eu erro,
continuando desunidos
e nós dois sermos cozidos,
nessa panela de ferro!
Os três pés dessa marmita,
queimada – de casca escura,
são – na verdade – a estrutura
da nossa terra jesuíta,
por isso bugre – acredita,
na fala deste mestiço;
– canta – e não pensa mais nisso,
deixa que durma o passado,
o Pedro Ortaça é o culpado
de todo esse rebuliço!
Fica a panela comigo,
pois dela tenho usufruto,
cada segundo e minuto,
lembranças do tempo antigo
e – se não falo contigo,
por causa de uma querela,
caso eu estique a canela,
já está gravado o decreto:
– quando tiveres um neto,
manda buscar a panela!!"
("Panela de Carreteiro")
A rima e a métrica são impecáveis, dignas de um Camões. Mas, a sua maior riqueza, não há dúvida, a sua maior riqueza é o sentimento do bugre, orgulhoso da sua origem, que tanto valoriza a lealdade, a valentia, a amizade, a tradição e o amor à terra em que nasceu. E, acima de tudo, saudoso do passado, inconformado com o "progresso" destrutivo da nossa civilização de consumo: "eu tenho gana – que esse maula, / sem respeito, / que fez lavoura / da invernada onde eu vivia, / tente arrancar – a grama verde de poesia, / deste Rio Grande / que carrego no meu peito!"
O primeiro poema do livro "Paisagens Perdidas" contém, no final, os versos mais lindos de toda a poesia de Caetano Braun. Em quatro versos perfeitos – sentido vestindo a rima e a métrica com perfeição, cristalizando a beleza como a água em cristal de neve – expressou sentimentos que emocionam qualquer um:
"Paisagens de sombra e luz,
como é que pude perdê-las?
Ficaram as "cinco estrelas"
fazendo o "Sinal da Cruz"!"
Pura nostalgia de um homem passando os sessenta... É quando uma pessoa se dá conta da velocidade com que o tempo passa. "Como é que pude perdê-las?" No céu, bordado de estrelas, ficou o Cruzeiro do Sul, fazendo o "Sinal da Cruz" que termina as orações, como se fosse um "Amém".
Numa reportagem feita pelo Nico Fagundes em 1999, Caetano fala que aquilo que não é escrito fica perdido. Comentando com o repórter que em sua casa ele fazia poesia com naturalidade, como comia, ao ser perguntado se ficava registrado alguma coisa, o poeta responde que não. "Se perde" – disse Caetano. "Se perde" – repetiu depois. Se perde como ele perdeu as paisagens de sombra e luz da sua infância. "Os pensamentos que não são transformados em expressões palpáveis e concretas, são os produtos mais efêmeros da existência humana" afirma Richard Leakey.
Em todos os seus livros não se encontra nem uma página sem sinais de lágrimas de saudade dos velhos tempos de moço.
"E os olhos do carreteiro
Vão se orvalhando ‘cuê pucha’,
Pois na estampa pequerrucha
Daquele abrigo sem porta,
Entrevê a grandeza morta
Da velha estirpe gaúcha
Numa agonia que corta!
Deixa correr, carreteiro,
As lágrimas da saudade.
Já pouco resta, é verdade,
Dos lindos tempos de outrora.
O passado foi se embora
E tudo o que conheceste,
Já são pousos como este
Onde ninguém se demora!"
(Pouso de carretas)
No poema "Querência – tempo e ausência" o poeta extravasa a saudade da sua infância, a mais perfeita representação do Paraíso Terrestre: ausência de responsabilidades – (antes de cometer o Pecado Original o homem não dispunha do livre-arbítrio. E sem o livre-arbítrio não existe crime, nem pecado e muito menos castigo) – protegido por um Pai Todo Poderoso, num local onde não existia competição, nem fome, nem frio, nem suor e nem morte.
"No cartão de procedência,
pouco importa onde nasci,
busquei rumo e me perdi,
querência – minha querência,
desde então me chamo ausência,
porque me apartei de ti!"
Para o gaúcho, o seu torrão natal eqüivale à mãe para o italiano. Depois de adulto, desmamado, ainda vive suspirando por ela. Saudade da infância é saudade do paraíso, de onde, um dia, todos fomos expulsos...
Quem poderia escrever melhor? Provavelmente, a passagem da meia-idade para a velhice lhe deve ter sido muito penosa. Como conformar-se com as perdas? Só se conforma com suas perdas aquele que não perde nada... porque nada tem a perder. A velhice do medíocre costuma ser tranqüila, fria e parada como a água escura de um poço. Que sirva, ao menos para refletir a lua e as estrelas! O máximo que pode fazer o medíocre é reverenciar os homens de talento, batendo palmas.
Provavelmente, o pavor do esquecimento eterno é que fez o poeta escrever tão bonito. Aliás, isso parecer ser o motivo que leva à maioria dos escritores a escrever: pôr a assinatura num quinquilionésimo de segundo da eternidade. É a necessidade de não ser esquecido, porque ser esquecido é morrer.
No poema "Cruz do pago" Caetano patenteia este medo:
"........................................
Velha cruz, mudo lamento
De quem perdeu a esperança
E apagou-se na lembrança,
Nas trevas do esquecimento!"
"Apagar-se da lembrança nas trevas do esquecimento"
"Apagar-se da lembrança nas trevas do esquecimento" é muito mais que morrer. É eliminar, para sempre, qualquer rastro de passagem neste mundo, como se nunca tivesse existido. É carta de amor achada no fundo de um baú, letras semi-apagadas, papel amarelado pelo tempo... Quantas juras e promessas que fizeram disparar corações, correr lágrimas de saudade, agora no esquecimento! O tempo é um carrasco sem coração que acaba com ardores juvenis, sonhos e romantismos. Acaba até com os amores que pareciam eternos.
Pura poesia nativista.
"..........................................
e hoje seus versos são gemas
que formam constelações."
O primeiro poema do livro "Paisagens Perdidas" contém os versos mais lindos de toda a poesia de Caetano Braun. Em versos perfeitos expressa sentimentos que emocionam qualquer um: melancolia do entardecer, quando as sombras vespertinas anunciam a noite do fim.
Paisagens de campo e alma
perdidas no vem e vai,
soluços do Uruguai
que bebe lua e se acalma;
a noite passa à mão salva,
com ela vem a saudade,
olfateando a claridade
das brasas da estrela d’alva!
Nascem rugas no semblante,
paisagens da natureza
que a força da correnteza
não pode levar por diante;
então exigem que eu cante,
quando me encontro desperto,
mas sempre que chego perto
meu sonho está mais distante!
Paisagens de sombra e luz,
como é que pude perdê-las?
Ficaram as "cinco estrelas"
fazendo o "Sinal da Cruz"!
Sol posto, num funeral de sangue. A paisagem se cobre com as sombras do luto. Tudo silencia. Depois da estrela boieira, as primeiras estrelas que aparecem são as do Cruzeiro Do Sul. A noite acena com mistérios de trevas... e, de medo, faz o Sinal da Cruz.
"... Se não me falha a memória / eu conheci este cantor..."
Conheci Caetano Braun em 1975. Foi quando ele veio a Caxias do Sul, acompanhado do Noel Guarani e do Flávio Alcaraz Gomes, atendendo um convite para uma janta oferecida pela Metalúrgica Abramo Eberle S/A. Era uma homenagem que a firma fazia ao poeta responsável por um programa na Rádio Farroupilha, nos sábados de manhã, cedinho. Nele, Caetano ficava durante uma hora inteira improvisando o que lia no jornal do dia – "Zero Hora" – ainda quente do prelo. Sucesso estrondoso! Como eu era médico da firma, também fui convidado.
Depois da janta houve discursos, agradecimentos, elogios. Eu, com vários copos de "borgonha" na cuca, resolvi declamar um poema do Caetano. No meio da declamação, falhou a memória! Com uma presença de espírito incomum para mim – sempre me vem à mente as mais espirituosas resposta depois de passado o incidente – apelei para o autor, que estava sentado ao meu lado: "Esqueci, mas não importa! Ninguém melhor que o autor para continuar o poema!"
O Caetano levantou-se com calma – não precisou pedir silêncio porque quando ele se levantava, todo o mundo ficava calado – fitou a platéia por alguns segundos, depois disse:
– "Eu também me esqueci!"
Todos caíram na risada. Foi uma gentileza sua. Era evidente que ele não havia esquecido. Logo, começou a declamar versos perfeitos, improvisando para cada um dos presentes conforme sua profissão, atividade, sem jamais apelar para humilhações ou vulgaridades.
Terminado o jantar, um dos diretores da firma, também admirador do poeta, fez questão que todos fossem à sua residência tomar licores e fumar cigarros americanos e charutos cubanos. Caetano e Guarani, meio xucros de cerimônias e cansados da viagem, não queriam ir. Mas, como não havia como escapar, foram. Meio a contragosto, mas foram.
Durante o serão, sala rica – chão recoberto por finíssimos tapetes, paredes decoradas com quadros caríssimos – uma senhora, esposa de outro diretor, já falecido, começou a elogiar os sapatos ingleses. "Porque o couro é especial, que aqui ninguém consegue fazer igual..." etc. e tal. Aí, Caetano não se conteve. Levantou-se da poltrona e disse em voz alta para que todos ouvissem: "Não admito que desprezem, na minha frente, os produtos da minha terra em favor de um país explorador e escravagista como a Inca-la-perra". Sem despedir-se, foi-se embora, acompanhado pelo Noel Guarani.
________________________
Carta enviada ao Jayme Caetano Braun em sete de outubro de 1992:
"Estimado Caetano Braun:
A tardinha traz sentimentos de nostalgia. Talvez porque significa a morte do dia, de mais um dia da nossa vida de teatino neste mundão velho de Deus, que já está ficando pequeno. Há cada vez mais porteiras e menos espaço neste "formigueiro grande, / Onde costumes malditos / Tentam matar aos pouquitos / As tradições do Rio Grande!"
Por conta do entardecer, quando "a tarde recolhe o manto", hoje a depressão pousou de vagar, como cerração fechada de inverno, amortalhando paisagens. Parece garça pousando na beira da lagoa parada, sobre uma só perna, apoiada, aguardando o entardecer. O mundo silencia em respeito à noite que vem, carregada de mistérios. Não há sinos tocando "Ângelus", nem sabiás floreando últimos cantos no alto de corticeiras...
Mas a tristeza foi logo embora ao ouvir, na rádio local, a voz do amigo declamando "Galpão Nativo". Como é bonito! Rima e métrica casadas com o sentimento, tudo perfeito como jóia irretocável, brotando da alma ao natural, como vertente de manancial fluindo fresca e cristalina de dentro do capão de mato nativo. E como água boa, foi refrescando a alma cansada, lavando as feridas doridas, dando ânimo, otimismo e alegria de viver.
Depois de morto o Caetano Braun, não faltarão "miles" de vozes deste Brasil imenso, preiteando tão grande poeta, chorando tão grande perda. Mas, eu quero em vida enaltecer a sua arte, indissociável da sua essência, pois Caetano e Poesia são a mesma coisa.
Estou certo, amigo Braun, que não tens nem um segundo de descanso. Dia e noite, noite e dia, deve haver um demônio dentro da tua cabeça martelando rimas, medindo versos, recolhendo – como quem recolhe cavalhada xucra esparramada pelos fundos perdidos de campos, pelos brejais imensos – a beleza que há na alma gaúcha e na vida singela vivida dentro dos galpões de estâncias deste Rio Grande imenso. E que te obriga a ir embrulhando tudo em versos limpos, que ficarão eternamente vivos nas páginas dos teus livros. Assim, serás sempre lembrado. Serás sempre lembrado enquanto houver botas, esporas, galpões, fogões, galos de rinhas, potros, ponchos, panelas de ferro. Enquanto houver admiração à arte da "payada" carregada de sentido e sentimento e, principalmente, enquanto houver respeito às tradições e um amor imensurável à terra em que se nasceu.
Ao ouvir-te, me veio à mente as palavras do teu amigo Aureliano:
".............................................
– Se não me falha a memória
eu conheci este cantor..."

Fonte: Capítulo do livro Flore da Corticeira, de Eduardo Festugato

A Origem do Rio Grande do Sul

A origem do Rio Grande do Sul - II
Embora a fundação de Laguna em 1684 seja o marco do início da ocupação sistemática das terras do sul do continente, isso não significa que, antes mesmo disso, elas não atraíssem os portugueses por razões não só políticas (a ocupação da maior faixa possível de território por Portugal), mas também econômicas. Afinal, o continente do Rio Grande era rico em gado, uma herança que os jesuítas das Missões haviam deixado: ao serem desfeitas as comunidades missioneiras, o gado vacum ficou solto no território gaúcho, e se multiplicou, formando vastos rebanhos.
E era em busca desses grandes rebanhos — e também de índios para escravizar — que vinham grupos de exploradores das áreas mais povoadas localizadas mais ao Norte, como São Vicente (São Paulo). Esses grupos levavam consigo as informações sobre a abundância de gado no chamado Continente de São Pedro. E essas informações terminaram por fazer com que o então governador geral, Rodrigo de César Meneses, escrevesse para o rei português, afirmando que era preciso "mandar povoar toda aquela fronteira, de cuja capacidade pela abundância e a fartura se pode fazer uma das maiores povoações da América".
A abundância e a fartura podiam ser grandes, e a ambição portuguesa era, sem dúvida, ainda maior. Mas a ocupação de tão vasta área de território esbarrava em uma limitação: a falta de população, de pessoal para enviar para a nova área. O povoado mais extremo então existente, além da Colônia de Sacramento, era Laguna — que contava com a exígua população de 32 casais.
Por isso, a ocupação do Rio Grande começa não com o envio de colonos, mas com expedições de exploração, captura de gado e descoberta de rotas. A primeira delas, em 1725, foi liderada por João Magalhães. Dois anos depois, o grupo liderado por Francisco de Sousa e Faria estabeleceu o primeiro caminho que liga a Colônia de Sacramento à Vila de Curitiba.

Pátria e Querência

A Origem do Rio Grande do Sul


O Rio Grande do Sul é, certamente, o Estado brasileiro cuja história apresenta maior número de episódios de lutas e guerras. E essa característica esteve presente desde os primórdios de sua ocupação. Para entender o porque desse aspecto, é preciso recuar bastante no tempo, até o final do século XVII.Por que é então que começam a surgir os "esboços" do que será o nosso Estado. Até então, essa região era uma espécie de terra de ninguém, uma área de dono indefinido, que ficava entre as possessões portuguesas e espanholas. Ambas as Coroas adotavam uma política expansionista, e estavam interessadas em ocupar o máximo possível de território. Portanto, mais cedo ou mais tarde, terminaria havendo um confronto na área do Rio Grande do Sul, na medida em que, se uma das potências decidisse fundar um núcleo de colonização, a outra imediatamente reagiria.E foi o que aconteceu. Dom Pedro II de Portugal, que foi regente de 1668 a 1683 e rei de 1683 a 1706, decidiu que o Império Português deveria ocupar a margem esquerda do rio da Prata. E doou, em 1674, duas capitanias "nas terras que estão sem donatários" ao longo da costa e até a "boca do Rio da Prata". Essa doação foi confirmada dois anos depois por uma Bula Papal, que considerava que o Bispado do Rio de Janeiro tinha como limite no sul o rio da Prata.O passo seguinte na consolidação da presença lusa no sul do continente foi a fundação da Colônia de Sacramento. Essa colônia tinha o objetivo de afirmar, definitivamente, a presença portuguesa na área, e servir como um ponto de apoio militar.A colônia foi fundada em primeiro de janeiro de 1680, nas margens do Rio da Prata. Era uma espécie de ponta de lança da presença portuguesa — estava muito afastada de qualquer outro ponto de colonização lusa no Brasil. Por isso, foi facilmente capturada pelos espanhóis em agosto do mesmo ano.A partir de então, portugueses e espanhóis se revezaram constantemente na posse da Colônia de Sacramento. Os tratados, que determinam sua posse, se sucedem. E, enquanto isso, os portugueses começam a estabelecer um novo ponto de apoio na ocupação do território do sul: Laguna, no atual Estado de Santa Catarina, que foi fundada em 1684 para servir como apoio para Sacramento. E é a partir de Laguna que vai se iniciar realmente a ocupação do território gaúcho. Fonte: Lígia Gomes Carneiro